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Coronavírus e Viagem: tendências pós COVID-19

O mundo das viagens vem se transformando com a crise gerada pela pandemia do coronavírus e é inevitável que todos os setores do turismo sejam impactados. O cenário mundial muda constantemente e há muitas incertezas. Não se sabe ao certo quando e de qual maneira as viagens voltarão a acontecer, quando haverá uma vacina disponível, como será a nova realidade enquanto a vacina não for desenvolvida, se haverão viagens antes do desenvolvimento de uma vacina e o que será alterado a partir dessa crise.

Coronavírus: medidas que estão sendo tomadas por empresas

No momento, a maioria dos países mantêm as fronteiras fechadas. As empresas aéreas, os hotéis e os restaurantes estão preparando através do aumentando a higienização, do fortalecimento de medidas de segurança e do distanciamento social. Além da utilização de equipamentos que aumentem a proteção e evitem a proliferação do vírus.

A maioria das atrações turísticas seguem fechadas e algumas passaram a oferecer tours virtuais gratuitos ao público. Há  também empresas que estão vendendo pacotes de viagem sem data definida. Algumas dessas medidas podem ser pontuais (ou enquanto durar a pandemia) e outras podem vir a se tornar parte do dia a dia dos viajantes.

Coronavírus: acelerador de futuro

Muitos especialistas apontam a pandemia como um acelerador de futuro, ou seja, tudo o que está ocorrendo em decorrência do coronavírus acelera algumas mudanças que já estavam em curso. De maneira geral, essas mudanças dizem respeito a sustentabilidade, trabalho remoto, educação à distância e outros comportamentos da sociedade.

Coronavírus: o que vai mudar no mundo das viagens e do turismo

Após pesquisar sobre o assunto, ler opiniões de especialistas e conhecer as medidas que vem sendo tomadas por empresas, resolvi trazer 10 possíveis tendências e especulações para o turismo e as viagens no pós pandemia do coronavírus.

Tendências de viagens pós COVID-19

1. Aumento das viagens pelo Brasil

A retomada das viagens pós pandemia será lenta e gradual. Quando o país entrar na fase de reabertura e as viagens passarem a ser liberadas, a opção será por viagens nacionais, e principalmente viagens regionais.

Tendências Nacionais

As pessoas vão procurar destinos próximos de casa, onde seja possível chegar de carro, para passar o dia ou o final de semana. Um estudo sobre o Impacto Econômico do COVID-19, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sugere que a retomada das viagens domésticas deve ocorrer por volta de setembro de 2020.

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Tendências Internacionais

As viagens internacionais terão uma retomada muito mais lenta. Embora alguns países europeus já estejam iniciando a reabertura gradual de suas economias, ainda não há previsão para reabertura de fronteiras. O mesmo estudo da FGV, mencionado anteriormente, sugere que a retomada das viagens internacionais ocorrerão apenas em junho de 2021.

Mapa Interativo da Deloitte

Uma iniciativa desenvolvida pela Deloitte auxilia muito os viajantes em relação à informações sobre fronteiras e restrições dos países. A empresa de consultoria criou um mapa interativo com informações sobre os países. Ao clicar em um país do mapa, é possível encontrar os seguintes dados: Impacto de Viagem, Impactos Sociais e Impacto de Permissões. Clique aqui para acessar o mapa.

2. Sustentabilidade no Turismo 

A tendência de sustentabilidade no turismo é um assunto que já estava passando por transformações antes mesmo do início da pandemia. É muito provável que as pessoas fiquem mais sensíveis às questões da sustentabilidade, que haja um aumento na consciência ambiental por parte dos turistas e dos estabelecimentos turísticos.

Overtourism

Muitas cidades já vinham enfrentando enxurradas de turistas, o chamado overtourism, e agora é possível que as cidades e estabelecimentos tomem medidas mais rígidas em relação ao controle do número de turistas.

Infelizmente essa já é uma realidade que pode ser vista em vários lugares, como na ilha de Maya Bay na Tailândia, que não permite mais a entrada de turistas devido a degradação ambiental que o lugar sofreu nos últimos anos. Em Veneza, o número de cruzeiros atracados por dia já foi reduzido, como pode ser visto neste texto.

Overtourism I foto: Thomas Staub from Pixabay

3. Adaptações em Hotéis

A rede hoteleira já está buscando maneiras de se adaptar a nova realidade do turismo. Isso porque é preciso manter os clientes em segurança e é necessário que eles tenham confiança nos estabelecimentos para voltar a frequentá-los.

Certificados de limpeza e higienização

Portugal criou o selo Clean & Safe, que não é exclusivo para hotéis, pois abrange todo o setor de turismo. De uma maneira resumida, a ideia é reforçar os procedimentos de limpeza e a garantia da saúde dos funcionários. Esse movimento também pode ser visto em Singapura, que criou o selo SG Clean,que tem o objetivo de elevar os padrões de limpeza e higiene dos hotéis.

Outro exemplo é a rede de hotéis Marriott, que anunciou a criação do Global Cleanliness Council, que tem o objetivo de aplicar em todos os seus hotéis uma padrão mais elevado de limpeza e higienização. Além disso de todos esses exemplos, algumas outras grandes redes internacionais de hotéis também vem criando maneiras de aumentar o processo de higienização e adaptação para essa nova realidade, veja aqui.

Higiene como prioridades dos hóspedes

Especialistas sugerem a tendência de que a principal prioridade dos viajantes agora será a higiene do estabelecimento. E isso não quer dizer apenas a aparência de limpeza, e sim a garantia de limpeza profunda e higienização do estabelecimento.

Hotéis e outros tipos de hospedagem terão que se readequar para conquistar a confiança dos hóspedes. E nesse aspecto é possível que hosteis e apartamentos sofram um pouco essa crise de confiança e tenham que fazer grandes alterações para se adaptar a nova realidade e a normas sanitárias.

A Airbnb se posicionou no final de abril sobre o assunto e informou de irá incluir uma certificação para identificar aos clientes quais são as propriedades que estão respeitando o novo padrão de limpeza e desinfecção das propriedades. Haverá um intervalo de pelo menos 24 horas entre hóspedes para as propriedades que conseguirem cumprir as novas regras, e um intervalo de 72 horas para os que não conseguirem.

4. Adaptações em Aeroportos e Aviões

A maioria das adaptações de higiene nos aeroportos e nos aviões já vem ocorrendo: utilização de máscaras e luvas, distanciamento social, higienização hospitalar em aeronaves. Agora resta saber se a tendência é que medidas rígidas continuem a vigorar após o final da pandemia.

Dentro dos Aeroportos

A tendência é que o distanciamento social continue sendo aplicado em aeroportos. Essa medida pode ser observada em filas de check in com distanciamento específico e barreiras de proteção para funcionários.

No dia 15 de abril, a Emirates se tornou primeira empresa aérea a fazer teste rápidos do COVID-19 em passageiros na área de embarque, ou seja, antes mesmo de entrarem no avião. Essa pode ser uma medida que passe a ser utilizada por outras companhias aéreas.

Máscaras, luvas e outros itens de segurança

Na empresa Jet Blue a utilização de máscaras a bordo passará a ser obrigatória a partir de 4 de maio de 2020. A Lufthansa acompanhou a tendência da Jet Blue e a máscara também passará a ser um acessório obrigatório durante os voos, e que deve ser trazido pelos próprios passageiros.

As empresas Emirates e AirAsia incluíram EPI’s a seus uniformes: luvas, máscaras e até mesmo macacões impermeáveis são partes da nova medida de proteção utilizada por essas companhias aéreas, veja nesse texto mais detalhes sobre isso.

Como tendência de viagem, há possibilidade de que a utilização de máscaras passem a ser obrigatória nos voos, mesmo depois da pandemia. Elas podem vir a se tornar um acessório comum, assim como almofadas de pescoço, cobertores e travesseiros.

Higienização das aeronaves

As aeronaves passaram a receber não apenas uma limpeza, mas sim um processo de higienização. Exemplos disso são: a espanhola Air Europa que adotou novos protocolos de limpeza e higienização em sua frota, e a americana Delta Airlines iniciou uma técnica de nebulização com desinfetante nos aviões.

Na Latam, além da limpeza geral das cabines há também fornecimento de álcool gel em todos os voos. A Azul também vai passar a oferecer álcool em gel e lenços desinfetantes, além de um processo de limpeza profunda para desinfetar todas as superfícies que os passageiros podem ter tido contato. Veja mais aqui.

Outras medidas de segurança

Além das medidas mencionadas acima, a Emirates e AirAsia,  também alteraram políticas de bagagem de mão. Essas empresas estão limitando a bagagem de mão em alguns voos para apenas notebooks, bolsa, mala de mão ou itens de bebê. A Emirates também tem separado passageiros por um assento, as refeições agora vem dentro de caixas e as revistas e outros itens a bordo foram retirados. Veja mais.

Por fim, uma questão um tanto polêmica se refere ao bloqueio dos assentos do meio com o objetivo de aumentar o distanciamento entre os passageiros. Inúmeras empresas aéreas tem adotado essa medida que parece garantir um pouco mais de segurança aos viajantes.

A empresa de assentos de avião, a Aviointeriors, foi pioneira em projetar uma nova configuração de assentos e a aplicação de divisórias de vidro para separar os assentos. O problema dessas medidas é que todas geram uma elevação de custos por parte das empresas, o que significa que os preços das passagens podem vir a aumentar nos próximos anos.

5. Comfort Trips

Uma tendência de comportamento dos viajantes para este momento é, quando for possível viajar, as pessoas tendem a buscar mais por comfort trip. Este é um termo adotado do comfort food, que significa comida confortável, que causa bem estar. É tendência que as pessoas busquem viagens para lugares que tenham familiaridade, locais que trazem bem estar e a garantia de bons momentos. Veja aqui.

6. Viagens Digitais

Com o início do isolamento social, foi possível observar um aumento de movimentos relacionados a viagens digitais. A pandemia ocasionou o fechamento de museus e pontos turísticos. Isso fez com que diversos museus passassem a disponibilizar tours virtuais gratuitos para os internautas.

Estes tipos de ferramenta não vão substituir o turismo tradicional, mas eles podem educar, informar e gerar conhecimento antes mesmo de cair na estrada. Os viajantes podem estudar os locais antes de embarcar, além dessa ser uma opção e marketing e divulgação para os destinos.

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Viagens Digitais I Foto: Andrew Neel from Pexels

7. Destinos de Natureza

As viagens por lugares remotos e com mais contato com a natureza também prometem ser mais procuradas. Após tanto tempo confinados em suas casas e apartamentos, é provável que os viajantes estejam ansiosos pela sensação de “liberdade”, de estar em contato com a natureza.

8. Viagens com mais Significados 

É possível que após a pandemia as viagens passem a ter um contexto mais cultural. As pessoas tendem a desapegar um pouco do material e estão mais propensas a buscar experiências, memórias e momentos, e não apenas fotos para publicar nas redes sociais, veja mais.

O slow travel é um movimento que, atrelado ao conceito das viagens com mais significados, também ganha força neste momento. Slow Travel prega viagens mais lentas, poucos deslocamentos, turismo de experiência e viagens sustentáveis.

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Viagens com mais significados I foto: Git Stephen Gitau from Pexels

9. Aumento do Controle de Fronteiras

Propostas sanitárias nas fronteiras

No Reino Unido está sendo considerada exigir a todos que chegarem no país, que tenham que ficar duas semanas de quarentena, e também verificar a temperatura dos passageiros antes do embarque. Em Hong Kong, está sendo testada uma tecnologia que o viajante entra em uma cabine de desinfeção que mata vírus e bactérias em 40 segundos.

O que já tem acontecido no momento é que alguns aeroportos de alguns países passaram a controlar a chegada de passageiros de outros países verificando a temperatura corporal. E há propostas sendo estudadas, na Alemanha e no Reino Unido, sobre a possibilidade de passageiros terem que fazer testes rápidos da COVID-19 no aeroporto, antes de embarcar. Se essas medidas forem adotadas em todos os países, talvez seja necessário chegar nos aeroportos com antecedência muito maior do que estamos acostumados.

Passaporte de imunidade

Um assunto muito contraditório que tem se falado é sobre a criação de um “passaporte da imunidade”. Este passaporte da imunidade é um documento que informa se a pessoa já teve a doença e está imune ao vírus.

Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido estão considerando exigir o passaporte de imunidade, mas a questão é muito polêmica, pois especialistas alertam que ainda não se sabe muito sobre o vírus.  Até o momento, são apenas especulações, mas existe a possibilidade de que passaporte e visto não sejam mais os únicos documentos necessários para entrar em alguns países, veja mais.

Seguro Viagem

A crise do coronavírus pode fazer com que uma maior atenção seja direcionada ao seguro viagem , que já é obrigatório em alguns países, como os países membros do Tratado de Schengen, e é considerado essencial de muitos viajantes que entendem a sua importância. Mas, a partir de agora é provável que os viajantes deem mais atenção a saúde, não viajando mais sem antes fazer um seguro viagem. Veja mais aqui.

10. Pacotes de viagem sem data definida

Muitas empresas do setor passaram a utilizar uma estratégia de venda de pacotes de viagem sem data definida. Um exemplo é a empresa HURB, que vem oferecendo ofertas muito atrativas, mas é preciso ter atenção às regras em relação à política de cancelamento, datas das viagens e outros itens. Você pode ler mais detalhes sobre este assunto nos blogs Vini no Mundo e Maway BR, e aqui sobre medidas e ações tomadas por outras empresas.

Conclusão: Tendências das viagens pós coronavírus

O coronavírus impactou o setor de viagem e turismo de uma maneira muito agressiva. As tendências de viagem apontam para um turismo mais responsável em relação à higiene e limpeza. É também esperado que ocorra um turismo mais responsável, com maior respeito ao meio ambiente e menos aglomerações. E neste novo cenário ocorrerá a exigência do uso de máscaras, limitação do número de visitantes, distanciamento social em filas e dentro das atrações.

Também é esperado que as primeiras viagens sejam feitas de carro e para perto de casa. Viajar pelo Brasil não deve ser visto apenas como uma tendência, mas também como uma maneira de apoiar a economia do país, que tende a sair devastada dessa pandemia.

 

Me contem aqui nos comentários o que vocês acham sobre as tendências que listamos e quais outras tendências vocês incluiriam!

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